SOBRE O GRUPO
O “Grupo de Pesquisa Bailarino-Pesquisador-Intérprete e Dança do Brasil – Núcleo BPI” é composto por um coletivo de artistas e pesquisadores, com sede principal na cidade de Campinas. Foi criado por Graziela Rodrigues ao longo de sua trajetória profissional e atuação enquanto docente do Curso de Graduação em Dança e na Pós-Graduação em Artes e Artes da Cena.
Por mais que a criação do grupo se efetiva na atuação de Graziela Rodrigues na UNICAMP, reconhecemos e reforçamos a história do grupo junto ao marco de criação do Método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI), em 1980, ainda enquanto a professora era artista independente nas cidades de Brasília e São Paulo, até ir para a Campinas/UNICAMP em 1987. Consideramos que a trajetória trilhada por Graziela Rodrigues e todas as produções embasadas no BPI constituem nossa história, uma vez que é o vínculo com o Processo BPI que une os diretores e intérpretes, pesquisadores e estudantes envolvidos nas produções. São 40 anos de produção e atuação ininterruptas.
Consideramos a sede do Grupo de Pesquisa “Bailarino-Pesquisador-Intérprete e Dança do Brasil – Núcleo BPI” na cidade de Campinas, vinculado ao Departamento de Artes Corporais da Unicamp, pois é a instituição sede da atuação de Graziela Rodrigues, Larissa Turtelli e Paula Caruso (dois outros nomes de destaque na história do grupo), entretanto, possui profissionais especializados atuantes em outras cidades. Além desses três nomes de referência, atualmente o Grupo é composto por outros pesquisadores atuantes no ensino forma (básico, técnico e universitário) e mais profissionais em formação. Vale destacar que os pesquisadores-diretores dos espetáculos nesse Método são todos formados no BPI.
A UNICAMP se faz então a principal localidade de realização das atividades formativas, de produção artística e acadêmica, sendo ponto centralizador do funcionamento do grupo. Este funciona de modo constante por meio de reuniões, grupos de estudos, compartilhamento de pesquisas e processos criativos entre os integrantes. Há também a abertura para a realização das aulas nos cursos e disciplinas que abordam o método BPI ofertadas na UNICAMP, de modo que os integrantes mantenham seu trabalho corporal e processo criativo em dia. Os integrantes do grupo também atuam em diversas funções nas produções artísticas do grupo, perpassando desde apoio técnico à assistente de direção dos espetáculos. Essa rede é importante para a formação de novos diretores no BPI. Há momentos de maior intensidade nos encontros do grupo, principalmente quando uma nova montagem cênica está em produção. Há outros de distanciamento, principalmente em momentos de escrita e entremeios de processos. A organização interna do grupo é centralizada na coordenação de Graziela Rodrigues, seguida de Larissa Turtelli e Paula Caruso, assim como a produção cultural e a disseminação de conteúdos na rede que também é centralizada em uma pessoa. Isso garante uma unidade para o funcionamento do grupo.
Com a formação de uma nova geração de pesquisadores que integram o Grupo, o Método BPI passou a ser desenvolvido em outras instituições de ensino, ampliando o alcance do Grupo de Pesquisa, com destaque para: a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com a Prof.ª Dr.ª Paula Caruso Teixeira (de 2009 a 2015), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com o Prof. Dr. Flávio Campos Braga (de 2016 a atual), a Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) com a Prof.ª Dr.ª Nara Cálipo Dilly (de 2018 a 2021), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) com a Prof.ª Dr.ª Mariana Floriano (em 2021), o Centro Universitário UniMetrocamp de Campinas com a Prof.ª Dr.ª Natália Vasconcellos Alleoni (de 2019 a atual), nos cursos técnicos da ETEC - Escola de Artes de São Paulo com a Prof.ª Dr.ª Elisa Massariolli da Costa (de 2019 a atual), da Escola Augusto Boal de Hortolândia, com a Prof.ª Ms.ª Mariana Dias Jorge (de 2019 a atual), e no ensino básico do Marista Escola Social Ir. Rui de Ribeirão Preto com a Prof.ª Dr.ª Mariana Floriano (em 2022-atual).
A disseminação das produções do Grupo engloba apresentações artísticas em eventos e temporadas de dança, oferta de cursos livres de curta e longa duração para diferentes públicos (crianças, adolescentes, idosos, professores, mulheres, artistas), livros, apresentações e publicações acadêmicas, além de edição de vídeos das pesquisas realizadas. Há também materiais didáticos elaborados que circulam entre os pesquisadores e são utilizados nos diversos cursos livres e formativos provenientes das pesquisas. O grupo apresenta um histórico de produção no território brasileiro e no exterior.
As propostas artísticas do Grupo trazem uma estética contemporânea diferenciada, na qual um Brasil periférico está presente, sem haver uma apropriação, reprodução e estilização das manifestações populares, mas sim, um corpo residual e afetivo. Desta forma, vai ao encontro de uma oferta de criações que traz a vivência de uma realidade brasileira e aproxima o público de fragmentos de um Brasil que está longe dos holofotes.
“Percorrer um Brasil dos esquecidos e estudar este solo fértil de criatividade humana, a partir de um método brasileiro, é uma das ações processuais do Grupo. O que emana em cada corpo – pesquisador e pesquisado – fruto de confrontos e encantos vem de lugares de difícil acesso e carências de toda ordem. À procura da trilha de uma Dança com identidade, envereda-se por um Brasil diverso, vivencia-se a crise e a superação num movimento transcultural.”
Todos os espetáculos dentro do Método BPI estiveram ligados a pesquisas de campo de segmentos sociais e/ou manifestações populares do Brasil. São 40 anos de estudos sobre a cultura popular brasileira e seus respectivos segmentos sociais, sendo alguns deles: Terreiros de Umbanda e Casas de Candomblé no Estado de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, Terreiros de Mina no Maranhão e no Pará, Festividades ligadas aos diferentes ciclos e devoções, como as Folias de Reis, de São Sebastião, Folias do Divino, Congada, Moçambique, Jongo, Samba de Roda, Bumba-meu-Boi, Boi de Reis, Escolas de Samba, Dança de São Gonçalo, Batuque de Umbigada, Tambor de Crioula, Capoeira, além de Povos Originários do Brasil, dentre eles Guaranis, Assurinis, Munducurus, Pankararus, Xavantes. Também destaca a pesquisa com mulheres Candangas, Stripteasers, Bóias-Frias, Cortadoras de Cana, Moradores de Rua, Ciganas, Baianas, Porta-bandeiras, Benzedeiras, Parteiras, Boiadeiros, Pescadores, Colhedores de Café e de Coco Babaçu, e outros nichos sociais de diferentes localidades do Brasil. Importante salientar que foi desenvolvido pelo menos um projeto de pesquisa e criação artística com cada manifestação e ou segmento social.